
Ele surge quando chego aos textos. Velho, barbado e sujo possui um carrinho de mão feito de madeira onde transporta papelões, jornais velhos, garrafas e latas. Acompanhado por cachorros, que percebo lhe oferecem carinhos e recebem compreensões.
Depois o dia é rápido. Almoço no Salada Record. Repito e inovo o sacio da minha fome com peixes.
Após o almoço principio caminhada até o cemitério da Consolação. Entro na cidade dos pés juntos. Passos alongados metamorfoseiam-se em passos curtos, observativos. A tarde de sol mostra-me espectros das sombras. Sinto a vida pulsar aos quatro cantos do campo-santo como se Narayama, a montanha, estivesse no meu coração, dentes e pés.
Apalpo os livros espalhados no chão de terra, ossos e asfalto. Flores viçosas e pisadas, milhares de livros escritos com letras de sopros de pétalas e saudades. Páginas brancas e amareladas indicam-me o local do sino na capela. Escuto o som das almas. Nutrido de legados saio da última morada.
Subo a Consolação rumo ao cinema. Em uma esquina, lado esquerdo da rua, passa ao meu lado um intrépido jovem que passeia com cães de coleiras de mármore atreladas a correntes douradas.
Será o moço um anjo de pé quente?
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