quinta-feira, 30 de julho de 2009

AS CHAVES


As chaves desaparecem. De roupas limpas quero abrir as portas. As chaves não estão no lugar onde sempre ficam. Dentro das gavetas não habita o chaveiro. Procuro nos cantos melodiosos e silenciosos do apartamento. Refaço na memória os caminhos de ontem. Em nenhum lugar do passado as chaves brilham a me sinalizar.
Os movimentos das procuras produzem ruídos elásticos. Retorno ao quarto. Ella ainda dorme. Sem as chaves como poderei entrar na cidade dos textos?
Acendo as lâmpadas da cozinha. As chaves não aparecem.
Quando inicia-se o amanhecer, o vento se abranda nas janelas. Intuitivo aproximo-me da sacada. Feito princípio de milagre encontro as chaves caídas entre o sofá e a cortina ao lado do anjo de gesso.
Afago os sonhos de Ella, abro as portas e faço os rumos.

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