terça-feira, 21 de julho de 2009

RECÔNDITO URBANO


Horas se passam depois da hora em que o caminhar é o amanhecer dessas vidas perdidas. Atravesso depósitos das ruínas dos afetos, móveis e poeiras, a céu aberto. Vejo na escada a morena dos cabelos apertados a vender esponjas de espuma. A velha desinibida rebola na passarela do cigarro a provocar a safadeza do vendedor de espetinhos e do consertador de guarda-chuvas.
No corredor relógios, sons e imagens piratas, bonés, panos de prato, colares, brincos, pilhas alcalinas anunciadas por ambulantes em repetições de refrões. Marmitas de frituras com gosto de frio mastigadas na ausência dos paraísos.
Quase me esqueço dos minutos que se passam depois do segundo em que o fazer-se noite é o voar dessas vidas perdidas.

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