domingo, 23 de agosto de 2009

DECALQUES CICLÍSTICOS


O sol convicto.
Com as intenções declaradas, calção, tênis e camiseta, as mãos seguram o transporte de duas rodas. Os pneus necessitam de ar e ruas.
Desembargador do Vale e entro na borracharia.
Pneus revigorados as pedalagens se iniciam na Barão do Bananal sob a manhã ensolarada.
As paisagens se sucedem em decalques.
Na avenida Alfonso Bovero, um gorila sai súbito de uma caçamba abarrotada de restos de trapézios. Invento, para escapar do grande macaco antropomorfo, manobras circenses.
Na rua Aimberê, um palhaço idoso de paletó, gravata e merendeira posicionado sob a romãzeira me traz à memória afetos das romãs de bochechas rosadas.
Na Heitor Penteado, mergulho no calor dos contorcionistas que me umedecem no refrigério de encontro.
Na Aurélia, imagino globos de vida, laranjas de polipropileno e montanhas de caixas de leite desnatado.
Desço as ruas lento feito o ponteiro das horas.
Outras vezes desço veloz tornando-me cúmplice do ponteiro dos segundos.
Na rua Tito, ziguezagueante retorno ao picadeiro de partida.
Sob a lona solto a bicicleta no espaço da jaula do domingo reluzente.
O sol invicto.

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