sábado, 1 de agosto de 2009

MARCAS


Marcas nas calçadas são respingos do asfalto, salivas cristalizadas, sangues misturados com cimento, solas de borracha impregnadas de chicletes espirituais.
Marcas geram na cidade presságios ovoides que incubem na vida as últimas horas do mundo.
Marcas nas poltronas retalhadas dos ônibus, nos trilhos dos trens, nas rotas dos aviões, nos ataques dos ratos aos homens de boa-fé.
Marcas de raios e almas fazem da cidade as nuvens em movimento: são as primeiras horas do sol respondendo as perguntas da noite.

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