domingo, 20 de setembro de 2009

ESTALO


Deus vem ao auxílio porque a cidade dos textos é extensa em cada esquina.
Não vejo mais os meus avós, meu pai. Minha mãe avisto quando viajo em sonhos e, fotografias, desembarco em Minas Gerais. Os meus irmãos não nasceram para escrever epopeias, romances, contos, cartas, bilhetes. Atravessam o salão do baile do tempo em passos de rosas.
Não me encontro com as primas, umas feias, outras bonitas, nem com as tias que envelhecem e ganham o viço do medo de viajar às inconstâncias. De avião, então, nem se fale!
Enxergo o deserto cruel das esquinas longas da cidade. Por isso me afundo em ruas percorridas, nos lamaçais de palavras cercadas por ilhas poluídas.
Meus filhos inexistentes, vindos do meu ser como a aurora boreal vem do lado norte do mundo, ficam esquecidos em labirintos cósmicos e oceânicos da criação. Deus sabe que com o tempo perderam o sentido de existir.
Assim, em cada esquina dos cemitérios, dos castigos, dos hospitais, dos comércios velhos e novos, das rodoviárias, dos botecos, dos itinerários dos ônibus, trens, astronaves peço amparo ao Divino que me atinge.
Domingo. O coração estala.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

INTERESSOU? COMENTE!
: