segunda-feira, 7 de setembro de 2009

SALA


Passeatas, as primeiras, na sala são lentas, arrastadas, uniformes. Papéis parados nas mesas, equilibristas texturizados sobre as botas dos soldados. Plurais de poucas necessidades, vontades das coisas, desejos acontecem.
Em setembros passados a sala fervilhava: caça aos amores, às pessoas, sons, boicotes aos sonhos. Nas ruas, sob velas acesas, contraculturas, romanceiros, rebeliões, inconfidências, hinos libertários.
Agora na ágora o silêncio é a companhia e a luta na terra gentil. É como se o mundo nos pertencesse on-line + os sempres, os nuncas e as caixas de diálogos: OK. Executar. Aplicar. Imprimir. Cancelar. Horas, dimensões temporais variáveis, passados e histórias, sinopses e resumos. Esperas da espécie latino-brasilis, das chegadas estagnadas das independências.
Aperta-me o coração as securas nos ventos, sem intensidades. Lembro-me das torturas, das imagens dependuradas nos paus-de-arara. Ligo, de cabeça para baixo, o rádio portátil com TV mais CD Player, AM/FM.
Acompanho na sala, de cócoras, o desfile militar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

INTERESSOU? COMENTE!
: