quarta-feira, 28 de outubro de 2009

CONFRARIA DOS POETAS III



À Carlos Drummond de Andrade

Embora não saiba de memória os poemas multiplico-os por 2 bares e 2 balcões.
A mais veloz das permanências dura o tempo inexato de uma desacompanhada cerveja.
Um homem bebe devagar, espia na abertura da janela do pensamento a existência dos burros e vacas do asfalto rural, interiorana província de Deus.
Quando os cachorros ficam quentes em noite qualquer começam a latir. Sentem as presenças dos anjos que vivem nas sombras da mostarda nos lagos do ketchup.
Separo-me do fim da primeira cerveja. Regresso ao horizonte, estou no mundo, sem nunca ter partido da cidadezinha.
Caminho na travessia da rua calçada com pedras e paralelepípedos.
Peço a segunda cerveja no balcão da Confraria dos Poetas.
A noite, os acontecimentos, as fadigas passam nas minhas retinas, parte ardente dos amanhecimentos, das investigações.
Passam nas minhas interpretações, parte intensa da memória das retinas.

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