
Os pés rodam, os calcanhares doem. Mesmo assim chego à Vila Buarque. Em cada esquina encontro vestígios das noites e lojas especializadas em materiais de pinturas artísticas. Molduras, telas, cavaletes, pinceis, civilização de elementos visuais, tácteis.
Necessito de tinta a óleo branca. Entro na loja. Felídea, a atendente se aproxima com formas imaginárias:
- Posso ajudar?
Percebo-lhe as linhas, cores, desenhos. A natureza viva se aquece.
Encontro na parede quadros com castiçais executados com os pés. Faço as escolhas: o branco zinco, o branco titâneo, o branco prata. Nada mais do que isso.
Ganho as ruas novamente.
Os pés me obedecem e os calcanhares de gesso, leite, cal e luminosidade não doem mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
INTERESSOU? COMENTE!
: