sexta-feira, 27 de novembro de 2009

DENTINHO


Pessoas surgem em todos os lugares, lados, sentidos. Passam nos nossos olhares sem nenhuma pergunta, sem história, sem inícios.
Quando me sinto atraído por uma pessoa que passa, o movimento veloz não se segura em minhas mãos de uma hora para outra.
É mais ou menos assim quando, na repetição dos pré-amanhecimentos ao sair do apartamento para os textos, a vejo pela primeira vez: eu desço a rua pelo lado direito. A moça de dentes salientes sobe a rua pelo lado esquerdo. Chamo-a em silêncio de Dentinho. Não lhe pergunto o nome. Faltam-me a coragem e a pureza próprias das águas das selvas.
Hoje o encontro acontece fora do manto lunar ao retornar dos textos sob a luz solar. Subo a rua pela calçada esquerda. Amorenada, Dentinho desce a rua pela calçada direita.

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