quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

DOIDICE ENGANCHADA


Aceno suado com a barriga roncante. O ônibus vitaminado para. Coloco a mochila no peito. Adentro-me ao veículo coletivo em busca do itinerário que me leve, justaposto, às ruas das lâmpadas e às luzes do almoço.
Enquanto o ônibus percorre a pista, e a tarde iniciante procria soluços, vou aos olhos de uma morena clara, passageira de cabelos caracolados.
O clima natalino faz pessoas sorrirem fora e dentro do ônibus. Durante o trajeto a fome afinca sinais agudos na barriga. Em outros momentos tento esquecer o vazio, o sentimento virado corriqueira inutilidade que abrange o país.
- Que doidice é aquela que vejo no céu da calçada da avenida Rudge?
Assim vou de ônibus até que o ponto no qual descerei se aproxima. Coincidência a morena clara descerá, percebo, no mesmo ponto. Ela passa a catraca. Na porta de saída fico detrás da moça caracolada. Tão próximo...
Quando saimos do ônibus vou à esquerda. Ela à direita. Mas como seus cabelos imensos ficaram presos ao zíper da minha mochila, ela retorna aos meus olhos feito uma elástica e deliciosa bumeranga.

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