sábado, 5 de dezembro de 2009

+ UMA CHACINA


Das janelas abertas e gradeadas, em qualquer lugar da cidade dos textos, a claridade do sol estampa na lua, no ar do espaço, rajadas de poeiras mortais e voantes.
Vassouras de ferro que se movimentam no retiro das graxas secas, dos sangues partidos feito leites áridos nos seios das sobrevivências.
O que se conta: os movimentos da face ainda são sequelas no serralheiro atingido por tiros na chacina. Sobrevivente, vivendo com o apoio da Anistia Internacional e do Programa de Apoio à Testemunha, o serralheiro supera aos poucos a mania de perseguição.
Busca a cura das feridas na fala, cicatrizes rasgadas, em São Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires, La Paz, Santiago, Bogotá, Quito, Assunção, Lima, Montevidéu, Caracas, Georgetown, Cayenna, Suriname ou Bagdá que sangram na natureza em unidades de terapias intensivas.
Vasos sanguíneos empoeirados, nervosos, pedem socorro frente a frente com os rostos, os uniformes e os gestos violentos dos homens.

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