
Pelejas despencam-se ao meu lado. Mil, dez mil raios e trovões da noite atingem a direita e a esquerda. Depois olhos abertos, sombrinha. Resoluta ida ao bar Valadares. O garçom de boné surrado me serve, no balcão, a cerveja em copo tulipa gelado.
À esquerda, a televisão dramatiza as poeiras das antenas sob as garrafas de vermute em estoque. Ímpios, os homens bebem, fumam, conversam. Mastigam, enquanto esperam o início da transmissão do jogo de futebol, as frases longas, curtas, agudas saídas das idéias e do humor nonsense do chapeiro jamaicano, risonho e belinho.
À direita, o amor move montanhas, a besta do apocalipse fuma ininterrupto. Emite sons grotescos adornados por tropeços e dizeres do tipo a justiça tarda, mas não falha. Não pede auxílio ao vernaculista e jurisconsulto ancião que bebe a terceira dose de Campari quase de costas para a televisão, que ainda persiste no capítulo da novela.
Olho para a janela quadrangular da cozinha. Peço ao cozinheiro, mímica, um quibe frito. Imploro à gordura, se a faca estiver amolada, os limões caldosos e a pimenta ardida, que faça a chuva cair e o jogo de futebol começar.
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