quarta-feira, 17 de junho de 2009

SONS E COISAS HETEROGÊNEAS


Tiros e mais tiros. Registros sonoros de móveis arrastados no chão do céu, na plataforma da cidade. Textos, raios, trovões confundem os protagonistas, os coadjuvantes e a figuração. Brocas giratórias a gerar buracos nas aflições das rochas, dos tijolos, das coisas fora dos lugares e das coisas dos novos lugares. A campanhia perdura no silêncio trazendo-me a visita da solidão. Desespera-se o silêncio em chamados gritantes. Sonoridades poluídas, ouvidos machucados, tratores, escavadeiras, trombadas automobilísticas, helicópteros movidos à fúria. Quero amar o caos, odiar os procedimentos organizados. Azeite e vinagre derramo nas saladas das barulheiras. Grito detergente entre estações, zonas, paredes, apartamentos. A campanhia chama o invisível. Se o concreto for novo a broca entra com mais facilidade e os ruídos incomodam menos. Quando a espuma deterge pelo ralo a mistura de sons e coisas heterogêneas atendo a visita, olho mágico, com sofreguidão e esperança.

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