quarta-feira, 10 de junho de 2009

TESOURINHO


Na primeira vez a irmã de Ella disse que viria. Limpamos o chão. Esfregamos nossos cabelos nos corações. Fomos à feira livre. Compramos frutas, legumes, coentro, cheiro verde e peixes. Depois lavamos os vidros das janelas do apartamento até a paisagem ficar cintilante.
Na segunda vez a irmã de Ella disse que não viria mais. Varremos a área de serviço com vassouras feitas de fibra de pérolas. Fomos à padaria. Compramos pães, doces e recheados de desejos e sonhos. Depois enceramos os móveis até a madeira refletir o mapa.
Na terceira vez a irmã de Ella nada disse ao telefone. Dependuramos no varal as roupas úmidas. Temperamos os peixes com limão e sal. Depois de uma hora Tesourinho chegou sorrindo, vinho tinto seco, pronta para os mergulhos até ao fundo do mar.

Um comentário:

  1. Não há quem consiga fazer este texto deixar de ser poesia. Este é radical. Pura adrenalina poética!

    uhu!!!

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