quinta-feira, 6 de agosto de 2009

NANCY, MARLY E GLACY


Os dias são rápidos. Brevidades rígidas dos esquecimentos. Dias precisam de portas e janelas. Nos nascimentos das personagens da cidade dos textos os dias saem, entram e ficam na presença periódica das diretrizes das compreensões. Nascenças internas refazem os constantes sinais dos encontros no cotidiano das pessoas.
Extraio dos dias justificações, metáforas, injustificações, ausências, vidas, liberdades, mortes. E não são essas as palavras iniciais dos conteúdos dos contos dos horários...
O início, entretanto, é um dia amanhecido sob névoa espessa. Na moradia da protagonista, que é o mesmo apartamento da deuteragonista, que também é a residência da tritagonista a primeira refeição do dia é servida antes das seis horas da manhã sobre toalha limpa. O pão de 9 grãos encosta-se no bolo de laranja.
Desperta em Nancy cantigas e loas de sensações perenes. Abraça Marly, sua irmã, que bebe, antes de se banhar, leite misturado com essência de baunilha. O desjejum é cultivado pelo afeto. O pão e o bolo servem café e chá nas xícaras brancas.
Concluído o banho, Marly que trabalha como encarregada do almoxarifado de uma empresa de construção civil, ao sair do elevador encontra-se com Glacy, sua outra irmã. Glacy troca o dia pela noite. Ela é analista de planejamento de controle de produção em uma indústria metalúrgica especializada em parafusos e rebites. Marly beija Glacy, que ao entrar no apartamento beija Nancy, e após se servir dos alimentos matinais se entrega ao sono profundo.
Nancy, que sonha em ser supervisora de faturamento e expedição, tranca a porta, retira da mesa a toalha e o café da manhã. Em seguida, quase se esquecendo de averiguar se o telefone está fora do gancho, ela liga o rádio, lava as louças e, ao abrir as janelas, outra vez canta.

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