quinta-feira, 8 de outubro de 2009

DOR DE BARRIGA


Com pincéis comprados nas lojas de material artístico da Vila Buarque nada de anormal poderá acontecer com os tubos de tintas e comigo. Mas a dor fatal acontece!
Afastando-me dos transeuntes ando em velocidade crescente. Procuro ruas embrenhadas na solidão e no subsolo. A dor desencadeia o mal cheiro.
Quando sujo-me percorro o Minhocão, pista em nível superior ao solo. As assaduras iniciam na virilha a tortura aguda do ranger da pele no sal. A dor expele ferocidades fedidas.
E assim o caminho torto, longo, fugitivo serve-me de encontros indesejáveis com a bosta no meu corpo de animal.
De tanto andar avisto o prédio, as janelas, os portões, os cabos de aço dos elevadores. Ao adentrar-me à sala corro, roupas rasgadas, ao chuveiro.
O restante da dor inevitável percebe a permanência dos pincéis e dos tubos de tintas nos odores que lhe são próprios.

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