terça-feira, 20 de outubro de 2009

VANESSA, HELOÍSA E MANOELINA


Na tarde de calor...
Trago do cálice de Vermute com gelo a imagem do rosto de Vanessa diante do portão verde da terceira casa da minha infância. Ela, prima do vizinho, brincava de amarelinha, céu e inferno, pétala ou pedra, enquanto ao nosso lado uma gigantesca escavadeira rasgava o chão a demolir as casas.
Mergulho em pensamentos diversos,...
Surge em seguida a imagem de Heloísa com seus cabelos pretos encaracolados. O corpo encostado na parede azul onde ela fixou um poema chamado Perda. Dissipa a imagem na quentura da tarde esfolada, ferida por ponteiros de relógio. Gotejam do coração de Heloísa o sangue e a lágrima.
Suores nos corpos...
Lá longe, transparente, elevada do mundo, entre a cidade dos textos e o lago Titicaca, na fronteira da Bolívia com o Peru, outra imagem de mulher agarra-se à melancolia latina-vulcânica-urbana: é Manoelina, morena que encontrei, por acaso, em uma noite andarilha e vermelha. Beijou-me e requebrou como égua insana e fogosa nas polpas da paixão.

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