quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O CHAMADO


Sim. O telefone soa sobre a mesa das horas. Atendo-o displicente. Sons de telefones não são as melhores vistas dos meus pontos das coisas.
- Alô?! Fala! Fala ô...
É Marc, o baterista. Conversamos. Pede-me para ir buscá-lo na escola especializada em ensino avançado das articulações entre bombos, pratos, caixas, vassourinhas e outros instrumentos de percussão. Confirmo o horário.
Às 17h20 estamos juntos mais uma vez. Com as baquetas nas mãos, o batera quer conhecer o meu home theater, quem sabe assistir a um bom filme.
Passamos na locadora. Optamos em terror. O filme escolhido O Chamado me faz chamar invocações transitivas diretas terríveis.
Arrumamos, lépidos, a sala do apartamento, que transformada em Cine Chão, entra no vídeo, no áudio dos nossos horrores amorosos.
Ao término do filme marcamos para em breve outra sessão de terror. Dentro do elevador selamos o compromisso com um aperto de mãos.
Depois que Marc vira a esquina tomo o rumo das perambulações pela cidade dos textos.
Bem mais tarde da noite quando retorno ao apartamento, o telefone fica calado, mudo como o povo diz. O silêncio me chama a uma música. Desejo Marina Lima.
Primeiro ouço, faixa 11, Nightie Night. Abro uma cerveja.
A agulha moderna de cabeça laser faz o tempo tocar O Chamado, faixa 3, continuamente.

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