segunda-feira, 23 de novembro de 2009

PIANO DE AVENIDA


Ao me aproximar das catracas lembro-me do esquecimento. Os óculos ausentes me fazem retornar aos textos no domingo. Pego o objeto procurado na primeira gaveta da mesa. Retiro-me dos textos.
A rua ensolarada, quente em demasia, leva-me em travessias arriscadas. Ando na calçada da avenida. Testa e nuca suadas aceleram os desejos aquáticos.
De A a Z coleto no pensamento as minhas realizações. Nos instantes finais da coleta, cabeça adentro, um carro em alta velocidade faz manobras perigosas. Com uma fechada a Kombi veloz ocasiona uma freada súbita e brusca do caminhão-baú. Assim a porta traseira do caminhão se abre.
Um piano de calda voa do caminhão. Aterrissa na avenida. Fica lá, teclados à mostra, e a multidão se formando...
Tiro e uso os óculos do estojo para ler as partituras esvoaçantes, que com o acontecido chegam com o vento às minhas mãos.

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