terça-feira, 24 de novembro de 2009

PLUFT!! PLAFT!!


De uma hora para a outra, de um dia para o outro, esqueço como se anda de bicicleta.
O esquecimento dura cinco dias.
Uma bicicleta, conduzida por um ciclista de boné, passa à minha frente em alta velocidade. Fito as rodas, os pneus se tatuam no cérebro. E pluft!!
Depois, nos cinco dias subsequentes, permaneço sem saber me equilibrar em bicicletas. Passo os dias me fazendo perguntas, a andar para lá, para cá.
Nestas andanças, no quarto dia, encontro colado em um poste de iluminação pública um anúncio convocatório: curso de memorização. Minha memória não está ruim. Lembro-me de detalhes íntimos do passado. Mas é a bicicleta reaparecer e eu não sei mais me lembrar, não sei o que fazer. Telefono para o curso. Faço a matrícula.
No quinto dia de esquecimento vou à primeira aula. Longa aula onde aprendo a criar compartimentos na memória para arquivar informações de forma ordenada. Desenvolvo habilidades para números, datas, textos, nomes.
Depois, rápido, pego a minha bicicleta. Levo-a à borracharia para encher com ar os pneus. Calibre total, pano úmido no guidão, poeiras zeradas.
Um brilho fascinante senta-me no selim. E plaft!!

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